9 de outubro de 2006

"Amo-te..."


Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou seta de cravos que propagam o fogo:
amo-te como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Amo-te como a planta que não floriu e tem
dentro de si, escondida, a luz das flores,
e, graças ao teu amor, vive obscuro em meu corpo
o denso aroma que subiu da terra.

Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te directamente sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,

a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos se fecham com o meu sono.



Pablo Neruda

3 comentários:

Anónimo disse...

É bom ler-vos amantes.. apaixonados ..aquece-nos a alma ..Faz-nos sonhar :)

Anónimo disse...

Filme para ver bem acompanhado. Vou ver se trato disso! ;)
Quanto às palavras que aqui li... deixam-me desarmado. O que disser é pouco. Lindíssimo. Mais tocante, para mim, só um pequeno livro que li a meio de Agosto. Num ápice. Devorei as palavras e elas devoraram-me por dentro. Acho que conheces bem aquelas páginas.

Beijo grande!

deep disse...

Palavras belas e comoventes. Felicidades. Boa semana.