18 de julho de 2007

Hoje escondido atrás da porta

Hoje escondido atrás da porta. Cheio de possibilidades de a abrir e ver o mundo.
Preferes tê-la fechada. O teu mundo é uma fantasia sombria, onde ninguém vive. Ninguém. Onde não existem amigos, apenas seres que partilham o mesmo, o nada.
Do outro lado da porta tens tudo. Coletes salva-vidas que são lançados sem precisares sequer de acenar. O mural dos abraços e as regras da vida. Pela fechadura consigo ver-te. Minto. Não te vejo. Não és tu. Pelo menos não foi assim que eu te idealizei. Mas a tua porta continua trancada aos novos sabores que tens receio de encontrar, que tens receio de viver, que tens receio de sentir e gostar mais do que o nada. Não arriscas porque te sentes protegido por algo que já conheces. Por algo que é bem mais fácil e que não tem sentido. E tens medo, muito medo, medo de lutar, de encarar o outro lado da porta. O lado mais difícil que nos obriga a lutar por alguém, por nós, pela vida. Torna-nos mais susceptíveis, mais indefesos, mais vulneráveis mas mais vivos a tudo. A vida é assim. E tu, sim, tu sabes disso e é disso que tens medo. Quando abres a porta por momentos, aqueles fugazes segundos trazem a este lado uma criança perdida, ofegante por dar um passo atrás e aconchegar-se. Um aconchego aparente. Sem futuro.

(Foge daí. Vão-te deixar sozinho. Vais acabar por nem te ter a ti. Viras-lhes as costas, ainda tens tempo de abraçares o colete salva-vidas que te é lançado todos os dias. Ele traz-te ao nosso lado. Amanhã dás-te ao mundo e fechas a porta.)

3 comentários:

Anónimo disse...

Intenso e sentido. Eu senti-o. Cheio de verdades, algumas delas difíceis. Mas é sempre assim. O melhor caminho exige mais.
Quando o tempo to permitir, avança mais vezes neste sentido, escreve. Pode ser?

Beijos grandes

pessoa disse...

Parece fácil, não é?
Cada vez acredito menos na vontade das pessoas.

"Fraqueza não é cair, mas sim não se querer levantar" - provérbio chinês

Bonitas palavras.
Beijo

Mojo Pin disse...

carriço: Sim. Contigo a meu lado, sim.*

pessoa: Sem dúvida primo, é mesmo isso. A fraqueza é isso mesmo. Obrigada*